Uma mensagem para os últimos dias

Ao concluirmos esta semana de oração, é como se estivéssemos encerrando uma jornada cheia de segredos e descobertas. Guiando-nos de uma revelação para outra, as Escrituras servem como nossa bússola. Com base no texto de Atos 3:19 e 20, temos explorado temas significativos, como o arrependimento e a conversão, o apagamento dos pecados, o tempo do refrigério e a vinda de Jesus. Agora, neste último encontro, estudaremos o reino da glória.
Esse reino não é comum, limitado por fronteiras terrestres ou pela passagem do tempo humano. Pelo contrário, é uma realidade eterna, tão vasta e imponente quanto o próprio universo, ancorada na justiça inabalável de nosso Senhor Jesus Cristo. Como um farol que resiste à prova do tempo e das tempestades, Daniel 2:44 descreve muito bem esse reino: “Mas, nos dias desses reis, o Deus do Céu levantará um reino que não será jamais destruído; e esse reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos esses reinos e será estabelecido para sempre.”
Portanto, convido vocês a explorarmos juntos as promessas eternas desse reino glorioso.
As Escrituras Sagradas destacam a manifestação do reino de Deus em duas fases distintas:
(1) o reino da graça e
(2) o reino da glória.
A glória não pode existir sem a manifestação anterior da graça. Portanto, é essencial participarmos primeiro do reino da graça para depois desfrutarmos do reino da glória.
Quando Jesus começou Seu ministério na Galileia, Ele proclamou a chegada do reino de Deus com estas palavras: “O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no evangelho” (Marcos 1:14 e 15).
“Enquanto Jesus viajava pela Galileia ensinando e curando, multidões das cidades e aldeias iam se reunir em torno dEle. [...] Até ali, nunca houve um período como esse para o mundo. O Céu baixou aos seres humanos. Almas famintas e sedentas que há muito vinham esperando pela redenção de Israel agora se banqueteavam com a graça de um Salvador misericordioso.”1
O reino da graça, que Jesus anunciou, atingiu o seu clímax na cruz do Calvário, quando Ele tomou o nosso lugar e morreu como nosso substituto para nos redimir da condenação do pecado. Por meio das provisões de Sua graça, a humanidade recebe o perdão dos pecados, a reconciliação com Deus e a salvação completa. Como Efésios 2:8 afirma: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus”.
Jesus também ensinou a respeito da futura chegada do reino de Deus em Sua segunda vinda. Entre Seus vários ensinamentos, destacamos o que Mateus 25:31–34 tem a dizer neste contexto:
“E, quando o Filho do Homem vier em Sua glória, e todos os santos anjos com Ele, então Se assentará no trono da Sua glória; e todas as nações serão reunidas diante dEle, e apartará uns dos outros como o pastor aparta dos bodes as ovelhas. E porá as ovelhas à Sua direita, mas os bodes à esquerda. Então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o Reino que vos está preparado desde a fundação do mundo.”
“Assim como a mensagem da primeira vinda de Cristo anunciava o reino da Sua graça, a mensagem da Sua segunda vinda anuncia o reino da Sua glória. Portanto, ambas as mensagens se fundamentam nas profecias.”2
Através da expressão “reino” no texto de Mateus, Jesus Se refere ao reino da glória, dando-nos um vislumbre daquele futuro glorioso no fim dos tempos, quando Ele estabelecer o reino universal de Deus. Embora esse evento esteja no futuro, a promessa de que o Senhor virá é uma realidade. Ele mesmo disse:
“Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em Mim. Na casa de Meu Pai há muitas moradas: se não fosse assim, Eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E se Eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para Mim mesmo, para que onde Eu estiver, estejais vós também” (João 14:1-3).
Com base nessas preciosas revelações, o crente não só vive na certeza da redenção agora, mas também na esperança da redenção final no reino da glória.
A glorificação permite aos súditos viverem no reino da glória
A glorificação é o toque divino que transforma o ser humano, libertando-o das consequências do pecado e tornando-o imortal. Considere o que 1 Coríntios 15:51 e 52 declara:
“Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados.”
O corpo atual de um crente em Cristo não é adequado para a vida celestial, pois é mortal, degradado e frágil. Embora o crente desfrute da plenitude do Espírito em sua vida, seu corpo ainda carrega a marca da morte. Portanto, ao som da última trombeta na segunda vinda de Cristo, Ele lhe concederá um novo corpo.
Esse novo corpo será imperecível, glorioso, livre do pecado e imortal — preparado para a vida eterna. O corpo natural do cristão será transformado em um corpo espiritual capaz de suportar a glória de Deus, pronto para a trasladação.
Deus dará o toque divino de transformação a cada pessoa redimida, tanto aos santos ressuscitados quanto aos fiéis que não passaram pela morte. O livro O grande conflito expressa lindamente esse pensamento:
“Ele mudará nosso corpo vil, modelando-o conforme Seu corpo glorioso. A forma mortal, corrupta, destituída de elegância, profanada pelo pecado, torna-se perfeita, bela e imortal.”3
Tudo será aperfeiçoado! Essa transformação afetará a estrutura do corpo humano, mas preservará a identidade pessoal de cada um, permitindo que os redimidos se reconheçam uns aos outros.
“A ressurreição preservará nossa identidade pessoal. [...] Ela removerá os últimos traços da maldição do pecado, e os fiéis de Cristo aparecerão ‘na beleza do Senhor nosso Deus’, refletindo na mente, na alma e no corpo a imagem perfeita de seu Senhor.”4
Quando nos referimos ao reino da glória, pensamos no paraíso de Deus, na nova Terra e nos novos céus. No entanto, é fundamental reconhecer que nossa linguagem humana é inadequada para descrever a glória celestial. Todos os recursos linguísticos são insuficientes para retratar de modo adequado o paraíso de Deus. A página 675 do livro O grande conflito enfatiza esse ponto:
“A linguagem humana é inadequada para descrever a recompensa dos justos. Somente aqueles que a contemplarem é que a conhecerão de fato. Nenhuma mente finita pode compreender a glória do paraíso de Deus.”
Apesar das limitações da linguagem humana, podemos nos inspirar nas palavras dos profetas e deixar que nossa imaginação nos guie rumo ao paraíso divino. Nas revelações do Apocalipse, o apóstolo João recebeu grandes bênçãos por ter contemplado as glórias celestiais do reino eterno de Deus. Sua ênfase está no relato de Apocalipse 21:1–5, o qual afirma:
“E vi um novo céu e uma nova Terra. Porque já o primeiro céu e a primeira Terra passaram, e o mar já não existe. E eu, João, vi a santa cidade, a nova Jerusalém, que de Deus descia do Céu, adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido. E ouvi uma grande voz do Céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o Seu povo, e o mesmo Deus estará com eles e será o seu Deus. E Deus limpará de seus olhos toda lágrima, e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor, porque já as primeiras coisas são passadas. E aquele que está assentado sobre o trono disse: Eis eu que faço novas todas as coisas. E disse-me: Escreve, porque estas palavras são verdadeiras e fiéis.”
Com base na visão profética do apóstolo, podemos destacar algumas características do reino da glória.
A expressão “nova Terra” indica uma nova criação. O juízo divino consumirá e destruirá em suas chamas o planeta que o pecado afetou tão profundamente. Ele também aniquilará completamente Satanás, seus anjos e todos os ímpios. Como Malaquias 4:1 nos diz:
“Porque eis que aquele dia vem ardendo como forno; todos os soberbos e todos os que cometem impiedade serão como palha; e o dia que está para vir os abrasará, diz o Senhor dos Exércitos, de sorte que lhes não deixará nem raiz nem ramo”.
Deus restaurará a glória do …den após destruir o instigador do pecado (Satanás) e purificar o planeta. A criação estará novamente em harmonia com o Criador, e a Nova Jerusalém será a capital da nova Terra.
A descrição da nova Jerusalém nos impressiona com sua beleza e esplendor. Ela resplandecerá com a glória de Deus e brilhará como uma pedra preciosa, tal qual jaspe, tendo um brilho cristalino. (Ver Apocalipse 21:10 e 11.)
O Senhor estará presente com Seu povo. Deus escolherá habitar entre aqueles a quem redimiu, que agora são Seus filhos eternos. Eles desfrutarão para sempre de Sua preciosa presença e luz. Cristo, Aquele que os redimiu, estará ao lado deles. Os salvos terão o privilégio de adorar a Divindade face a face para todo o sempre. O tabernáculo de Deus estará entre eles, estabelecendo uma relação íntima e amorosa entre Jeová e os redimidos.
“O povo de Deus tem o privilégio de manter comunhão aberta com o Pai e o Filho. ‘Porque, agora, vemos por espelho em enigma’. 1 Coríntios 13:12. Contemplamos a imagem de Deus refletida como num espelho nas obras da natureza e em Seu trato com os seres humanos, mas no futuro O veremos face a face, sem um obstáculo entre um lado e outro.”5
João, o profeta de Patmos, descreveu um quadro de alegria e felicidade eterna no paraíso de Deus:
“E Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima” (Apocalipse 21:4).
Na nova Terra, o reino da glória será o lar eterno dos remidos, onde não haverá mais lágrimas, pois todas as razões que causam tristeza e choro aqui serão problemas do passado.
“E os resgatados do Senhor voltarão e virão a Sião com júbilo; e alegria eterna haverá sobre a sua cabeça; gozo e alegria alcançarão, e deles fugirá a tristeza e o gemido” (Isaías 35:10).
Na nova Terra, não haverá mais doença. Não será preciso hospitais, médicos ou tratamentos de saúde. Desapareceram todas as consequências do pecado, e ninguém dirá: “Estou doente!”
“E morador nenhum dirá: Enfermo estou; porque o povo que habitar nela será absolvido da sua iniquidade” (Isaías 33:24).
“Então, os olhos dos cegos serão abertos, e os ouvidos dos surdos se abrirão. Então, os coxos saltarão como cervos, e a língua dos mudos cantará, porque águas arrebentarão no deserto, e ribeiros no ermo” (Isaías 35:5 e 6).
Na vida terrena, a morte põe fim a muitas histórias felizes. Na nova Terra, não haverá morte, procissões fúnebres ou sepulturas.
“Aniquilará a morte para sempre, e assim enxugará o Senhor Jeová as lágrimas de todos os rostos, e tirará o opróbrio do Seu povo de toda a Terra; porque o Senhor o disse” (Isaías 25:8). E aqueles que passaram pela morte e ressuscitaram proclamarão: “Tragada foi a morte na vitória” (1 Coríntios 15:54).
Na nova Terra, os redimidos explorarão as maravilhas do amor divino e continuarão a estudar incansavelmente buscando entender cada vez mais o poder criador de Deus.
“Lá, mentes imortais contemplarão com deleite infalível as maravilhas do poder criador, os mistérios do amor que redime. Não haverá nenhum inimigo cruel e enganador para tentar ao esquecimento de Deus. Cada faculdade se desenvolverá, e cada capacidade crescerá. O ato de adquirir conhecimento não cansará a mente nem esgotará as energias. Lá, os maiores empreendimentos se realizarão, as mais altas aspirações se alcançarão, as mais altas ambições se cumprirão, e ainda haverá novas alturas a vencer, novas maravilhas a admirar, novas verdades a compreender, novos objetivos para despertar as faculdades da mente, da alma e do corpo.
“Todos os tesouros do universo estarão abertos ao estudo dos redimidos de Deus. Livres da mortalidade, voarão incansavelmente até mundos distantes — lugares que tremeram de tristeza ao contemplarem a desgraça humana, mas vibraram com cânticos de alegria ao saberem de uma alma resgatada. Com prazer indescritível, os filhos da Terra entram na alegria e na sabedoria dos seres não caídos. Então eles compartilham os tesouros do conhecimento e da compreensão que adquiriram ao longo de eras contemplando a obra de Deus. Com uma visão clara, veem a glória da criação — sóis, estrelas e sistemas, todos em sua ordem estabelecida circulando o trono da Divindade. Sobre todos os seres, do menor ao maior, está escrito o nome do Criador, e em todos se manifestam as riquezas de Seu poder.
“À medida que avançam, os anos da eternidade trarão revelações mais profundas e ainda mais gloriosas acerca de Deus e de Cristo. Assim como o conhecimento progride, o amor, a reverência e a felicidade também aumentam. Quanto mais os seres humanos aprenderem de Deus, maior será a admiração pelo caráter dEle. À medida que Jesus lhes expõe as riquezas da redenção e as maravilhosas realizações no grande conflito com Satanás, o coração dos resgatados vibrará com mais fervorosa devoção, e tocarão as harpas de ouro com mais arrebatadora alegria. E incontáveis vozes se unirão para ampliar o poderoso coro de louvor.”6
A ameaça da volta do pecado nunca prejudicará o crescimento no reino da glória, pois não haverá tentador ou qualquer risco de mal. Além disso, nenhuma árvore do conhecimento do bem e do mal oferecerá uma oportunidade para a tentação. O universo já testemunhou a rebelião de Satanás e viu as consequências. Deus já firmou Sua justiça, e todo o vasto domínio do Senhor proclamará:
“Justos e verdadeiros são os Teus caminhos, ó Rei dos santos” (Apocalipse 15:3).
De fato, haverá apenas uma lembrança da luta entre o bem e o mal. Embora os sofrimentos, dores e tentações da Terra tenham terminado, o povo de Deus sempre terá uma compreensão clara e inteligente do preço que sua salvação custou. Cristo ainda levará em Seu corpo as marcas da redenção. Ao longo dos séculos intermináveis da eternidade, esses sinais darão testemunho do imenso amor de Deus e do imensurável sacrifício de Jesus para nos redimir.
“Que o Criador de todos os mundos, o Árbitro de todos os destinos, ponha de lado Sua glória e Se humilhe por amor ao homem, é algo que sempre despertará a admiração e a adoração do universo. Quando as nações dos salvos olharem para seu Redentor e contemplarem a glória eterna do Pai brilhando em Seu semblante; quando virem Seu trono, que é de eternidade a eternidade, e entenderem que Seu reino não terá fim, irromperão em cântico arrebatador: ‘Digno, digno é o Cordeiro que foi morto e nos redimiu para Deus por Seu precioso sangue!’”7
Depois de explorar o reino da glória e suas incomparáveis maravilhas, surgem profundas questões: quem terá o privilégio de desfrutar das delícias desse reino? Quem serão seus herdeiros?
À luz das revelações divinas, encontramos a resposta: aqueles que abraçarem e viverem o reino da graça é que se tornarão súditos do reino da glória. São eles que vencem as adversidades do mundo, da carne e do diabo.
“Quem vencer herdará todas as coisas, e Eu serei seu Deus, e ele será Meu filho” (Apocalipse 21:6 e 7).
Essas pessoas tiveram uma comunhão pessoal com Jesus Cristo, o Salvador e Senhor de sua vida. Sua graça os transformou ao longo do tempo da salvação.
Queridos irmãos e amigos, estamos vivendo os momentos finais da história deste mundo. Em breve, muito em breve, contemplaremos a chegada do reino da glória e teremos o privilégio de desfrutar de suas delícias eternas. Portanto, “devemos fazer o melhor com as oportunidades que temos hoje. Não receberemos outro tempo de graça a fim de nos prepararmos para o Céu. Esta é nossa única e última oportunidade de formar um caráter que nos habilite para o futuro lar que o Senhor preparou para todos os que obedecem a Seus mandamentos.”8
Meu sincero desejo é que permaneçamos juntos como vencedores. Não podemos arriscar perder nossa salvação. Que Deus nos ajude e nos abençoe para que juntos possamos participar do reino da glória no paraíso celestial. Amém!